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I- A Girafa e a FormigadeIlona Bastos |
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Era uma vez uma
girafa. Curiosa e petulante, interessava-se por tudo o
que se passava à sua volta, desde o voo das aves até ao
cantar dos grilos e ao correr azafamado das formigas. Certo dia, encontrando-se a Girafa à beira do lago, a beber água, aproximou-se, veloz, uma formiga. - Deixem-me passar, deixem-me passar! - gritou a formiga, ofegante, debaixo de pesada carga. - Levo mantimentos para o formigueiro. - Ora, tanta pressa para quê? - perguntou a Girafa. - Só porque és pequenina e ligeira julgas-te importante? Pensas que podes ultrapassar tudo e todos?! A formiga, aflita, sem parar, prosseguia o seu caminho, tentando rodear a Girafa. E nada respondeu. Foi a Girafa quem continuou: - Mas também eu posso ser tão pequenina e ligeira como tu, ora essa! Perante esta afirmação, a formiga não conseguiu conter uma gargalhada. Olhou para o focinho da Girafa, lá muito em cima, no alto de um compridíssimo pescoço assente sobre umas longuíssimas patas, e ripostou: - Ora aqui está uma boa anedota: uma Girafa do tamanho de uma formiga! E ria-se tanto, o pequeno insecto, que até se lhe desequilibrou a mercadoria. Mas a Girafa é que não achou piada à brincadeira. - Já vais ver! Já vais ver! - gritou ela, furiosa. Acontece que a Girafa era Cientista. Foi para o seu laboratório e começou a mexer nos seus pós, líquidos, tubos e balões de todos os tamanhos e feitios. Preparou uma poção mágica e, eufórica, voltou para o pé da formiga. - Queres ver, agora? Queres ver? - desafiou a Girafa, começando a experimentar a poção que tinha inventado. - Deixa-me cá pousar as compras para me rir melhor. - respondeu a formiga, trocista, interessada em ver aonde chegava o disparate da Girafa. - Mas despacha-te, que tenho pressa! E não é que, perante o espanto da formiga e de todos os outros animais incrédulos que se haviam juntado em redor, a Girafa começou a diminuir, a diminuir, a ficar pretinha, com uma cintura fininha, umas perninhas minúsculas e pequeníssimas antenas? Ao fim de poucos segundos a Girafa era... uma formiga! Não podem imaginar a alegria da Girafa, ou seja, da formiga Cientista, que, de imediato, começou a correr, agitando as antenas, trepando agilmente aos ramos e aos arbustos. A outra, a formiga, ou melhor, a verdadeira formiga, é que levou um susto de tal ordem que até se esqueceu da risota e do almoço da família. Fugiu a sete pés para o seu buraquinho, onde espalhou a notícia de que vira uma formiga-girafa, o que ninguém acreditou, é claro. Todos pensaram que a formiga tinha apanhado demasiado sol na cabeça e não estava boa do miolo. Quanto à Girafa, a partir desse dia tornou-se ainda mais vaidosa e atrevida. E porque, felizmente para ela, o efeito da poção era apenas temporário, daí a pouco pode retomar a sua vida normal e dedicar-se às suas invenções. |
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© 1998 - 2001 - Ilona Bastos -
Textos e Ilustrações
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