CONTOS DE

ILONA BASTOS

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Adoro a Feira do Livro de Lisboa. Tenho paixão por essas barraquinhas de madeira - velhas de muitos anos, mas para mim sempre jovens nas suas cores suaves – que se alinham pelo Parque Eduardo VII fora, entre finais de Maio e a primeira quinzena de Junho de cada ano. Durante essa época sagrada, obedientemente pisando a calçada, abrem as portadas para exibir livros aos milhares, à beira do relvado que se estende, em declive, sobre a magnífica vista do Marquês do Pombal, da Av. da Liberdade e do rio Tejo.

Nas margens exteriores da Feira há também jardins e a Estufa Fria com as suas árvores esplêndidas e o lago onde navegam majestosos cisnes e gansos. Haverá mais saborosa combinação que a dos jardins com os livros? (E ainda há quem queira cometer a heresia de levar a Feira para outro lado!)

Mas se me agrada percorrer as bancas, observando tudo, mexendo aqui, lendo passagens ali (livre como a borboleta do campo, voando e poisando de flor em flor), dando-me mesmo ao luxo de ignorar editoras, sabendo que numa próxima visita terei oportunidade de nelas me deter, o que mais me entusiasma é descobrir “novos autores” (entenda-se, autores cujas obras até aí me eram desconhecidas).

A minha descoberta deste ano foi José Carlos Fernandes e “a Pior Banda do Mundo”, a mais deliciosa série de banda desenhada portuguesa que alguma vez encontrei.

Numa primeira visita à Feira, comprei os álbuns “As Ruínas de Babel” e “A Grande Enciclopédia do Conhecimento Obsoleto”. Mal sabia eu o que fazia! Comecei a ler os contos (pois trata-se de contos em tiras de banda desenhada) e fui devorando palavras e imagens com uma voracidade e prazer inauditos. Em pouco tempo estava viciada!

Quando, finalmente, terminei os álbuns, detive-me nos textos de apresentação e percebi que, afinal, o meu entusiasmo é partilhado pelos críticos de BD de Portugal, Espanha e Brasil (os três países em que a obra de José Carlos Fernandes está editada), e que nas edições de 2002 e 2003 do Festival Internacional de BD da Amadora os dois primeiros álbuns desta série foram considerados os melhores dos respectivos anos.

Evidentemente, corri à Feira do Livro para comprar os restantes volumes da série. Mas, em todas as bancas onde os procurei, encontrei a informação (envolta num sorriso cúmplice) de que estão esgotadíssimos, encontrando-se no prelo uma nova edição. Ainda me indicaram outras obras do mesmo autor, que trouxe com prazer. E aconselharam-me a estar atenta aos preciosos álbuns, pois a procura é grande.

É claro que estou atenta! Não quero perder as próximas edições da Pior Banda do Mundo!

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Lisboa, 4 de Julho de 2004

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